domingo, 29 de maio de 2011

O que acontece com os Carboidratos?

Após entendermos um pouco melhor sobre o que são os carboidratos, passamos agora para outro aspecto também relacionado a esse macronutriente: trata-se do seu metabolismo dentro do nosso organismo.
A digestão dos carboidratos tem início na boca, onde a enzima ptialina, também conhecida como α-amilase ou amilase salivar, começa a quebra das moléculas de amido presentes no alimento, sendo hidrolisadas até a formação de dextrinas e maltoses, que são moléculas menores. Durante a ação desta enzima, que ocorre desde a boca até o estômago, onde o pH ácido predominante inativa a ptialina, as ligações entre as moléculas de glicose do tipo α- 1→4 do amido são clivadas.

A digestão dos carboidratos, interrompida pela chegada dos mesmos ao estômago, volta a ocorrer no intestino delgado, sob a ação da enzima amilase pancreática.  A maior parte da digestão dos carboidratos acontece no próprio intestino delgado, principalmente no duodeno. Ela não ocorre apenas no lúmen do intestino, mas também em células absortivas, denominadas enterócitos e que estão presentes na superfície epitelial do duodeno. Nesta superfície epitelial encontram-se as enzimas sacarase, lactase e isomaltase, que são responsáveis pela clivagem de três substratos: sacarose, lactose e isomaltose, respectivamente. Ao final do processo de digestão dos carboidratos têm-se os seguintes monossacarídeos: glicose, galactose e frutose. Estes são absorvidos pelo próprio enterócito.
A partir daí, dá-se início ao processo de absorção desses produtos formados na digestão dos carboidratos. Essa absorção baseia-se no transporte dos substratos do lúmen do intestino para o sangue e o sistema linfático, passando pelas células epiteliais da mucosa intestinal.
Este transporte pode ocorrer sob duas formas distintas: por transporte ativo, com os co-transportadores de Na+ (SGLT 1 e 2), e por difusão facilitada, que ocorre a favor do gradiente de concentração de glicose (GLUTs).  Neste primeiro caso, tanto a glicose quanto a galactose são transportadas para dentro da célula na presença do íon Na+, ocorrendo, assim, a liberação do íon potássio para fora da célula. Já no caso da difusão facilitada, existem proteínas, denominadas GLUTs, que estão presentes na membrana plasmática das células intestinais e são responsáveis por facilitar o transporte desses monossacarídeos para dentro da célula.
A glicose que foi absorvida pelas células pode ser utilizada tanto para a produção de energia, através das vias metabólicas, quanto para reserva energética, sob a forma de glicogênio, no caso dos músculos e fígado, ou sob a forma de triacilglicerol, quando se trata de tecido adiposo. Um aspecto que mostra a enorme importância da glicose como fonte para a produção de energia para o organismo é o fato de células neuronais e eritrócitos (hemácias) serem capazes de metabolizar apenas esse substrato, tornando-o, de certa forma, indispensável para o bom funcionamento do organismo.
O órgão responsável por manter a taxa de glicose no sangue é o fígado. Esta função é exercida através da liberação de dois hormônios extremamente importantes para essa regulação: a insulina e o glucagon. O primeiro é liberado na corrente sanguínea quando a concentração de glicose no sangue está muito alta, ou seja, a insulina irá transportar essa glicose para os músculos, e para o fígado, onde será armazenado sob a forma de glicogênio. Já em situações de jejum, há a liberação de glucagon e consequentemente o processo de glicogenólise, que nada mais é do que a degradação do glicogênio em glicose para manter o nível de glicose plasmática.
As células são capazes de produzir energia, sob a forma de ATP (adenosina trifosfato), degradando moléculas de glicose na presença ou não de oxigênio, através da chamada via glicolítica. Nela, a células produzem 2 moléculas de piruvato, molécula formada por três átomos de carbono, e 2 ATP. Se este processo estiver ocorrendo em meio anaeróbico, ocorrerá formação de lactato, a partir dos dois piruvatos formados na glicólise. Mas se estiver ocorrendo em meio aeróbico, os dois piruvatos serão transformados em moléculas de Acetil CoA, que entrarão no ciclo de Krebs, posteriormente. Depois do ciclo de Krebs ocorrá a cadeia transportadora de elétrons, onde serão produzidas mais moléculas de ATP, totalizando 32 ATPs como saldo final da via.

TIRAPEGUI, J.NutriçãoFundamentos e aspectos atuais. São Paulo, Atheneu, 2002.
Marzzoco, A. & Baptista, B., Bioquímica Básica, 3ª edição, Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2007
http://www.rgnutri.com.br/sp/fisiologia/ddc.php

Postado por: Andressa Cristina

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